segunda-feira, 8 de novembro de 2010

Seminário Paisagens Periféricas

Fonte: http://jacaarte.org/
"Será realizado no Jardim Canadá, em 06 de novembro, confluindo artes visuais, sociologia, arquitetura, geografia, para abordar a conformação da paisagem, as relações entre natureza e progresso, o desenvolvimento urbano no Brasil. Tem como participantes os artistas Caio Reisewitz, Carla Zaccanigni, Francisco Magalhães, Nelson Felix e Rubens Mano, a geógrafa Renata Marquez e o arquiteto Wellington Cançado (do livro Domesticidades). A palestra de abertura será do sociólogo Laymert Garcia dos Santos.
Programação do Seminário
10h_ Recepção e apresentação dos projetos
Paisagens em Suspensão e Quintal Canadá
Pedro Motta, Fernanda Regaldo e Roberto Andrés
10h30_ Brasil, paisagem periférica, obsessão do descompasso
Laymert Garcia dos Santos
12h_ almoço (Delícia! No Restaurante do Posto Chefão)
Paisagem, representação, deslocamento
moderadora: Janaína Melo
13h45_ Paisagem: recorte e memória
Carla Zaccagnini
14h30_ Ebós: noturno para Belo Horizonte
Francisco Magalhães
15h15_ Periferia
Caio Reisewitz
16h _ Intervalo
Modernidade, centro, periferia
16h30_ Futuro do Pretérito
Rubens Mano
17h_ Em progresso
Wellington Cançado
Natureza, paisagem, imagem
17h45_ Mesa e Grande Budha
Nelson Felix
18h15_ Imagens da natureza
Renata Marquez
19h _ Coquetel de encerramento"
Fonte: http://jacaarte.org/
Roberto Andrés e Cristiano Cezarino nos meteram na maior furada sábado. O local? Jardim Canadá, periferia da Região Metropolitana de Belo Horizonte, num lugar sem asfalto e debaixo de um temporal.  O nome do bairro é uma total ilusão: não tem nada de jardim; é uma paisagem árida e avermelhada pelo minério. Tentaram me enganar dizendo que lá é do tipo “frio seco”, mas engraçado, contradizendo o presente dia, lá estava beeem molhado.
Fonte: http://jacaarte.org/
Um arquiteto mais uma cientista política abordando o relacionamento entre as pessoas, a rápida industrialização do bairro que contrapõe enormes galpões com a lentidão das maquinas pesadas que circulam pelo local, como tratores e escavadeiras, e a urbanização pelo asfaltamento... Tudo culminando na ação central de gramar uma rua para “subverter um entendimento estético” que tem como ações relativas a velha noção abstrata da interação entre moradores e natureza.

Abordando “Quintais e jardins”, capitulo emblemático de um livro que eu não lembro mais o nome com características do bairro como os jardins de aluguel: a presença de imigrantes que vieram para trabalhar e não tem jardim em casa vai de encontro ao uso dos jardins do bairro para festas de luxo. Esses jardins ornamentais em volta, totalmente “alugados” como as cadeiras que nós utilizamos. E os quintais, coleções de particulares, com várias espécies que dizem muito da relação das pessoas com a natureza.
Dona Zezé (66), colaboradora pelo que eu fiquei sabendo, depôs que no bairro era puro mato, a natureza era violenta, agressiva, madrasta, mas que também era um grande jardim, influenciando seu relato pelas subjetividades e particularidades da época e que viveu.

Foram apresentadas também fotos que eu achei super legais:
Reação natural (2008/2010): conflitos ou convívio
Oposta à
Natureza concreta (2007/2009): arquitetura projetada para dentro da natureza
Espera: pontos de ônibus a margem da BR040 que utilizam a mesma cor, referentes a campanhas políticas, mas várias formas.
Arquipélago (2007/2010): restos de estrada, soerguimentos de terra
Paisagem suspensa: lotes de 1m³ suspensos por balões.
Fonte: http://jacaarte.org/
Em seqüência houve a conversa “Brasil, paisagem periférica, obsessão do descompasso”. O autor, Laymert, instigado pelo titulo, de palavras retiradas de seus textos, nos provocou de diversas formas, abordando a reproblematização desses termos, citando uma frase que era mais ou menos assim: “Eu tenho uma boa e uma má noticia. O primeiro mundo faliu em todos os sentidos. A boa noticia: o primeiro mundo agora é aqui.”
Ok, eu confesso: O cara era muito top. Ou tinha em casa alguns alucinógenos remanescentes de experiências passadas. Ele deu uma visão geral do país que eu duvido que muita gente “entendida” faria. Falou da rápida reconfiguração geopolítica mundial, do convite para o Ano do Brasil em 30 países, e da condição do nosso país como emergente, da projeção para 2016 em que o Brasil pode ser a 5ª economia e também da defasagem entre o que aconteceu e nossa cabeça, devido à velocidade de entendimento. Essa intervenção/inversão em que a periferia foi parar no centro, e os problemas da periferia dentro do Brasil que vem desde a colonização e subordina a diversidade cultural brasileira a um padrão euroamericano.

O palestrante indaga ainda como conseguimos e quem somos nós e aborda essa diferença especifica de reconhecimento da potencia do país. A cultura brasileira, com toda essa transformação da (a)d(i) versidade em positividade, miséria em luxo, como nas escolas de samba - escolas da vida – onde mostramos toda a nossa riqueza: negros, índios e europeus, uma miscigenação que só torna o nosso país mais e mais interessante. Ainda nos conta de suas propostas para inclusão digital e de seus projetos transculturais, como a Opera em que trabalhou, representação máxima de imagens e sons, com a relação entre as culturas, a articulação e a preservação da diversidade, em Munique com os Yanomami. Trata da periferia da cultura brasileira e dessa eliminação de tensões x criação de conflitos como uma brecha na urbanidade, uma falha no controle, e exemplifica com os cachorros de rua. Como o melhor sempre fica pro final, fiquei chocada com sua abordagem acerca do entendimento do que é arte. Mencionando a Bienal de São Paulo e os circuitos internacionais de arte, traz reflexões sobre as relações entre o étnico e o contemporâneo e a questão formal e de apropriação. Sua interpretação associativa sobre o design da valorização, commodities e fornecimento de matéria prima sem beneficiamento só enfatizam o empacotamento da cultura que temos sofrido desde a remota época da metrópole portuguesa.
Fonte:Google Imagens

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