sexta-feira, 5 de novembro de 2010

Organicismo

O organicismo representa uma tendência do pensamento que constrói sua visão do mundo sobre um modelo orgânico e tem origem na filosofia idealista. O positivismo, que fundamenta a interpretação do mundo exclusivamente na experiência, adota como ponto de partida a ciência natural e tenta aplicar seus métodos no exame dos fenômenos sociais. Assim, os primeiros conceitos positivistas foram elaborados de acordo com analogias orgânicas, três das quais são fundamentais para a compreensão dessa corrente sociológica:

(1) o conceito teleológico da natureza, que implica uma postura fatalista, já que as metas a serem alcançadas estão predeterminadas, o que impede qualquer tentativa de alterá-las;
(2) a idéia segundo a qual a natureza, a sociedade e todos os demais conjuntos existentes perdem vida ao serem analisados e por isso não se deve intervir em tais conjuntos. Essa noção leva, em conseqüência, à adoção de uma atitude de laissez-faire; e
(3) a crença de que a relação existente entre as diversas partes que compõem a sociedade é semelhante à relação que guardam entre si os órgãos de um organismo vivo.
Louis Sullivan
Tal como outros conceitos originários de outros campos do conhecimento e tomados de empréstimo pela crítica arquitetônica, é relativamente difícil precisar o seu alcance e delimitação assim como as suas expressões formais e estéticas. Confirma-se, no entanto, nos mais coerentes trabalhos de recorte organicista, a preferência pelas geometrias mais complexas e pelas formas curvas e integradoras. O organicismo teve como precursor o arquiteto americano Louis Sullivan (1856-1924), mentor da Escola de Chicago, acompanhando assim o nascimento da arquitetura moderna. Mais tarde, em pleno período Arte Nova, o europeu Henry Van de Velde (1863-1957) desenvolveu uma linguagem impregnada de referências vegetalistas e de linhas curvas, patente, por exemplo, no Teatro do Werkbund.
Outro dos caminhos seguidos pela arquitetura organicista foi o movimento expressionista que teve como expoente máximo o arquiteto alemão Erich Mendelsohn (1887-1953). A liberdade formal, experimentada nos seus desenhos de juventude, encontrou concretização nos primeiros projetos, como a Torre Einstein, em Potsdam (1921-1924), na qual conseguiu, através do uso de formas curvas integradoras, uma unidade formal de referência biomórfica. Outro dos temas desenvolvidos por Mendelsohn, nomeadamente em edifícios industriais foi o da relação íntima entre as formas e os volumes e a paisagem envolvente.

Frank Lloyd Wright
Um dos protagonistas máximos desta tendência estética foi o americano Frank Lloyd Wright, discípulo de Sullivan. Foi, aliás, este arquiteto que, em 1908, pela primeira vez empregou o termo orgânico enquanto categoria expressiva da arquitetura. Alguns dos seus trabalhos tornaram-se paradigmas da arquitetura organicista, ora pela solução morfológica, como o Museu Guggenheim de Nova Iorque, com a sua grande sala de exposições em forma de rampa helicoidal, ou a Casa da Cascata (1935), expoente da procura de harmonia absoluta entre os vários elementos construtivos e de continuidade fluida entre os espaços assim como da cuidada integração na paisagem.
Hugo Häring
Hugo Häring, que construiu muito pouco, entendia o conceito de edifício orgânico como algo que se desenvolve de forma espontânea, em perfeita harmonia com a natureza. As suas idéias foram concretizadas por Hans Scharoun e pelo finlandês Alvar Aalto, um dos mais fecundos arquitetos organicistas pela radical rejeição de princípios formais rígidos e determinantes, enveredando pela pesquisa de projetos com base em geometrias complexas que fazem referência a formas naturais e que prestam atenção ao caráter topográfico do terreno e da envolvente construída.

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