domingo, 7 de novembro de 2010

Funcionalismo

Émile Durkheim
Do Latim fungere, ‘desempenhar’. O Dicionário de Ciências Sociais define o funcionalismo como: a perspectiva utilizada para analisar a sociedade e seus componentes característicos enfocando a mutua integração e interconexão deles. O funcionalismo analisa o caminho que o processo social e os arranjos institucionais contribuem para a efetiva manutenção da estabilidade da sociedade. A perspectiva fundamental é oposta às maiores mudanças sociais. É uma doutrina que pretende explicar aspectos da sociedade em termo de funções realizadas ou suas conseqüências para sociedade como um todo, explicar as instituições sociais como meios coletivos de satisfazer necessidades biológicas individuais. Mais tarde se concentrou nas maneiras como as instituições sociais satisfazem necessidades sociais. O funcionalismo é associado com Émile Durkheim e mais recentemente com Talcott Parsons. O estruturo-funcionalismo tem a visão de que a sociedade é constituída por partes (por exemplo: polícia, hospitais, escolas e fazendas), cada uma com suas próprias funções e trabalhando em conjunto para promover a estabilidade social. O estruturo-funcionalismo foi a perspectiva dominante de antropologistas culturais e sociólogos rurais entre a II Guerra Mundial e a Guerra do Vietnã. Juntamente com a teoria do conflito e o interacionismo funcionalismo é uma das três principais tradições sociológicas.
Talcott Parsons
Uma função social é, "a contribuição feita por qualquer fenômeno a um sistema maior do que o que o fenômeno faz parte". Esse uso técnico não é o mesmo da ideia popular de função como um "evento/ocasião" ou uma obrigação, responsabilidade, ou profissão. Nos anos 60, o funcionalismo era criticado por ser incapaz de se responsabilizar por mudanças sociais ou contradições estruturais e conflito e dessa maneira frequentemente chamada teoria do consenso. Críticos mais fortes incluem o argumento epistemológico que diz que o funcionalismo tenta descrever instituições sociais apenas através de seus efeitos e assim não explica a causa desses efeitos, ou coisa alguma, e o argumento ontológico que a sociedade não pode ter "necessidades" como os seres humanos, e até que se a sociedade tem necessidades elas não precisam ser satisfeitas. Anthony Giddens argumenta que explicações funcionalistas podem todas ser reescritas como descrições históricas de ações e conseqüências humanas individuais. Anterior aos movimentos sociais dos anos 60, o funcionalismo foi a visão dominante no pensamento sociológico; depois daquele tempo a teoria de conflito desafiou a sociedade corrente, defendida pela teoria funcionalista. Cohen argumenta que mais do que necessidades, a sociedade tem fatos tendenciais: característica do ambiente social que sustenta a existência de instituições sociais particulares mas não as causa.
Fonte: Google Imagens
Talcott Parsons (1902-1979) era obsessivo por determinar a função que os indivíduos desempenhavam na estrutura social visando a excelência das coisas. Era um estudioso da Estratificação Social não da mudança ou da transformação, admirador da organização de um formigueiro, no qual o papel dos indivíduos (das operárias à rainha-mãe) é devidamente pré-determinado e ordenado em função da manutenção e aperfeiçoamento de um sistema maior.
Ocorre que Parsons, que também foi tradutor da obra de Max Weber e seu difusor nos Estados Unidos, foi contemporâneo das linhas de montagem, a Scientific Management, o chamado Gerenciamento Científico, introduzidas por F.Taylor (1856-1915) e por Henry Ford (1863-1947), cujas espantosas modificações no processo produtivo, verdadeiramente revolucionárias, foram necessárias à produção em massa. A nova maneira de produzir os manufaturados começou a ser adotada em larga escala a partir da Primeira Guerra Mundial, difundindo-se de modo impressionante nos anos de 1920 por boa parte do mundo. Pode-se então dizer que Talcott Parsons foi, antes de tudo, o intelectual orgânico das novas técnicas produtivas adotadas pelas industrias: o taylorismo e o fordismo.
Fonte: Google Imagens
Desinteressando-se dos aspectos da transformação social sua inclinação deu-se em favor do equilíbrio e do consenso. Naturalmente que isso o posicionou a entender o indivíduo como expressão das estruturas, as quais ele devia manter e preservar. Caso isso não ocorresse entravam em ação os mecanismos do Controle Social (moral, ética, sistema jurídico e penal, etc.), como um instrumento preventivo ou corretivo. O objetivo de qualquer sociedade era alcançar a homeostasis, a manutenção da estabilidade, do equilíbrio permanente, fazendo com que só pudéssemos entender uma parte qualquer a ser estudada em função do todo. Se bem que a organização de formigueiro pudesse atraí-lo, seguramente foi a racionalidade da produção fabril quem determinou a concepção da Teoria Social dele. 
Esquema da visão funcionalista da sociedade
Adaptação (base material)
Objetivos a alcançar (sistema político)
Integração (sistema educacional)
Manutenção pela educação dos modelos culturais (na família/pela elite do poder)

Para os funcionalistas, a sociedade está constituída por subsistemas (estruturas) que operam (funcionam) de modo interdependente. Cada um dos componentes do sistema, suas partes, tal como uma peça qualquer em relação a uma máquina, desempenha papéis que visam contribuir para estabilidade e ordem social, por isso tal abordagem ou teoria é chamada de funcionalismo-estrutural. A partir dessa visão totalizadora da sociedade, o passo seguinte é determinar os seus componentes básicos formados pela economia, o sistema político, a família e o sistema educativo em geral, com seus valores e crenças bem definidos. Para os funcionalistas estes componentes atuam por interação, tendo capacidade de adaptação para enfrentar os imprevistos e as exigências de mudanças que surgem aqui e acolá.
Fonte: Google Imagens
A estratificação social é definida como: “classificação diferenciada dos indivíduos humanos que compõem um sistema social dado e seu tratamento como superior ou inferior relativo a um outro em determinadas situações sociais importantes"
Linha central fundamental da estratificação: atribuições versus realização:
1. O status atribuído: resultados do nascimento ou das qualidades biológicas hereditárias (por exemplo idade, sexo)
2. O status alcançado: resultado das ações pessoais (esforço, trabalho duro, talento)
Avaliação Moral
Expectativa feita na base da avaliação moral, tendo por resultado graus de respeito ou de desaprovação (status)
Seis bases da avaliação moral diferencial:
1. Sociedade na unidade do parentesco (pelo nascimento, pela união)
2. Qualidades pessoais (sexo, idade, beleza pessoal, valor e força da inteligência)
3. Realizações (resultado de ações do indivíduo)
4. Possessões (coisas materiais e não-materiais que pertencem a um individual e pode ser transferida)
5. Autoridade (reconhecimento institucional, direito legítimo para poder influenciar as ações de outras)
6. Poder (habilidade de influenciar outros e fixar possessões que não sancionadas institucionalmente)

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