terça-feira, 17 de janeiro de 2012

Introdução aos Princípios Arquitetônicos


Princípios Arquitetônicos

Analisar um ambiente parece algo simples: paredes, objetos, cores e texturas. Mas para os profissionais que trabalham com o espaço, esta é uma tarefa bem mais complexa: planos, superfícies, formas, escalas, texturas, cores.... 
O objetivo deste texto não é explicar todo o assunto, até porque seria longo, mas sim permitir uma compreensão maior do trabalho do profissional da construção e da decoração e sua importância.

Quem gosta de se aventurar neste campo, para ter sucesso, deve dominar estes princípios.

Arte

A arte está diretamente relacionada à expressão, sendo algo sensorial. Através dela sentimos, indagamos, analisamos e conhecemos o mundo à nossa volta. Ela é a maneira pela qual o homem expressa suas ideias e pensamentos e faz com que os demais sintam o que se passa por dentro de sua mente e de seus sentimentos.
Cada período da história apresentou uma arte com características próprias: no período clássico imitava-se a natureza, durante o período medieval foi muito utilizada pela religião (igrejas) e já foi e ainda é utilizada para expressar prazer ou fenômenos sociais.

Arquitetura

A Arquitetura é considerada uma arte. Através dela o ser humano representa épocas, permite mudanças e faz releituras de situações.

Ela permite ver o espaço de maneira articulada e trabalhar seus elementos para criar sensações, agindo diretamente no íntimo do usuário daquele espaço. Exatamente por isso temresponsabilidade social e funciona como uma ferramenta de leitura, análise e construção de ambientes que serão vividos e que abrigarão relações pessoais em seu interior (isso explica a importância do arquiteto na sociedade) - Leia também: Arquitetura: Qualidade de Vida.

O “Espaço”

O homem habita e estabelece relações com o espaço: dentro/fora, longe/perto, separado/unido.
A maneira como entendemos este espaço depende de nossas vivências. Assim se somos pedestres, vemos a cidade de certa maneira, mas se somos motoristas, temos outra visão.
O espaço é determinado por alguns elementos:
  • Verticais: estas formas são mais ativas e delimitam bem o espaço criando a sensação de fechamento;
  • Horizontais: são elementos mais tranquilos e marcam principalmente planos.

Seguem alguns desenhos que exemplificam como os elementos geram espaços e sensações diferenciadas:

A disposição dos elementos e a formação do "espaço". Fonte: Portal Clique Arquitetura.
1) Primeiro temos um plano determinando um espaço acima e abaixo dele (podemos chamá-lo de plano base);
2) Quatro elementos verticais criam uma tensão entre eles gerando a sensação de que há um espaço no seu interior;
3) Um plano sobre o plano base cria um espaço à sua frente;
4) Dois planos sobre o plano base criam um espaço que direciona para a direita;
5) Dois planos paralelos criam um corredor entre eles, assim como a sensação de circulação;
6) Três planos sobre o plano base geram um espaço com apenas um lado aberto;
7) Quatro planos sobre o plano base criam um “cômodo” que visto de cima mostra-se fechado e protegido, apenas com sua parte superior livre.

Características do Espaço Arquitetônico

O espaço possui:
  • Tamanho (comprimento, largura, profundidade);
  • Forma, que é seu contorno (formas geométricas como o cubo, o círculo, o prisma, o triângulo...);
  • Cor (resultado da incidência de luz) e textura (principalmente é algo tátil e interfere na maneira como o objeto reflete ou absorve a luz que incide sobre ele);
A maneira como são distribuídos e organizados, geram sensações e organizam o dia-a-dia do ser humano.
Estes objetos podem ser posicionados de diferentes maneiras, orientações e de acordo com isso pode ser inerte ou criar a sensação de que é instável.
Neste exemplo, um cubo está apoiado no plano (inerte) enquanto o outro se equilibra sobre um de seus vértices (gera a sensação de instabilidade, parecendo que irá cair).
 
Diferentes posições e sensações. Fonte: Portal Clique Arquitetura.

Aberturas

As aberturas são responsáveis por determinar os acessos e circulações, ou seja, o uso daquele determinado espaço.

As portas permitem o acesso direto, enquanto as janelas favorecem não só as entradas de luz e de ventilação como também estabelecem relações visuais unindo os espaços contíguos (vizinhos). A maneira como sentimos os ambientes depende das características destas aberturas.
Alguns exemplos:
  
Centralizada Ampla | Centralizada Pequena. Fonte: Portal Clique Arquitetura.

Descentralizada. Fonte: Portal Clique Arquitetura.

 
Zenital (abertura no teto) | Na aresta. Fonte: Portal Clique Arquitetura.

 
Vertical | Horizontal. Fonte: Portal Clique Arquitetura.

As aberturas de portas e janelas, como podem perceber, geram sensações diferenciadas no ambiente em função do modelo escolhido.

Beleza

Definir o que é belo é uma questão filosófica que perdura há muitos séculos. Mas no geral, algo se torna belo em função de:
  • Sua forma (linhas, superfícies, volume, cor, luz, texturas);
  • Seus detalhes (harmonia, contraste, continuidade);
  • Sua funcionalidade;
  • Por ser inovadora (releitura);
  • Por possuir significado (identificação com os usuários).

Elementos

Podemos reunir as diversas formas criando continuidade (uma ao lado da outra de maneira linear), articulá-las, fazer uma penetrar na outra. Podem ainda ser apenas uma unidade ou ainda ser a reunião de várias.
É possível estudar muitas maneiras de ver estes objetos combinados. Abaixo segue um exemplo visual.
  
À esquerda formas simples aglomeradas e à direita formas sobrepostas | Reunidos nesta posição criam linearidade. Fonte: Portal Clique Arquitetura.

 
Da sobreposição dos dois retângulos foi subtraído o elemento que surgiu, criando um espaço interno livre. | O espaço interno, mais baixo, é introspectivo, como em salas íntimas (imagine-se entrando nele). Fonte: Portal Clique Arquitetura.

O espaço mais alto, como o movimento de subir degraus, eleva o espírito (como em museus e igrejas). Fonte: Portal Clique Arquitetura.

Exemplos de Arquitetura

Após mostrar alguns elementos, podemos observá-los na prática! Identifique-os nas imagens abaixo.
Os dois arquitetos selecionados possuem linguagem bem diferentes, Frank Gehry trabalha com formas que transmitem inconstância, já Frank Lloyd Wright trabalha planos e materiais mais harmoniosos e que transmitem tranquilidade e harmonia.

  
Casa em Venice, Califórnia. Arquiteto Frank Gehry. Fonte: GreatBuildings.

 
Casa em Ohiopyle, Pensilvânia. Arquiteto Frank Lloyd Wright. Fonte: GreatBuildings.

Conclusão

Através da arte podemos expressar o que sentimos. Existem muitos tipos de arte e uma delas é a arquitetura. Através desta o arquiteto analisa as formas, superfícies, planos, arestas e todos os elementos que compõe o espaço, permitindo que sua reunião transmita ideias e conceitos.
Seja em pequenos ambientes seja em cidades, a distribuição dos elementos definem sensações e norteiam atitudes. Geram ação ou inércia (verticalidade/cores fortes ou horizontalidade/cores neutras respectivamente), definem percursos ao estabelecer caminhos como corredores e calçadas, enaltecem edifícios ou ainda podem criar locais desagradáveis caso seja a intenção.
Usamos estes elementos em tudo: ao criar pórticos para marcar acessos, ao criar escadas para subir ou descer, ao escolher as cores das paredes e dos objetos.
O espaço criado por cada um reflete a leitura que possui da realidade. Expõe sua personalidade e diz muito sobre quem é (passado, presente e futuro).
O ambiente pode influenciar positivamente ou negativamente as pessoas (confira o artigoAmbiente e Saúde). Pode ajudar a vender mais, a trazer mais prazer para o dia-a-dia, fortalecer laços pessoais, favorecer a boa saúde - para saber mais, conheça os princípios divulgados pelo Feng Shui. O importante é perceber o espaço e trabalhar corretamente seus elementos em função de quais objetivos se quer atingir.

Saiba Mais

Você também poderá buscar mais informações através de cursos e livros sobre o assunto:
 
  • Livro: Arquitetura, Forma, Espaço e Ordem - Para quem desenvolve projetos este livro é de "cabeceira". Traz ótimas ilustrações e explica de maneira fácil e clara os princípios arquitetônicos. Possui as bases para a definição do "partido arquitetônico";
  • Livro: Elementos Arquitetônicos - Esta obra apresenta numerosos exemplos de construções arquitetônicas existentes em várias partes do mundo.

   

Fontes Consultadas e Indicadas

  • CHING, Francis D. K. Arquitetura, Forma, Espaço e Ordem. São Paulo: Martins Fontes, 1998.
  • Great Buildings Collection.  Acesso em: outubro, 2009.





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