sábado, 9 de abril de 2011

A Edificação



De acordo com a Associação Brasileira de Ergonomia, entende-se por ergonomia “o estudo das interações das pessoas com a tecnologia, a organização e o meio ambiente, objetivando intervenções e projetos que visem melhorar, de forma integrada e não dissociada, a segurança, o conforto, o bem-estar e a eficácia das atividades humanas”

Em “A Edificação”, Márcia França aborda a ergonomia urbana em dois níveis: a casa e princípios para um projeto ergonômico e o sistema de fluxos e fixos e como esse influi no espaço da cidade.



Para a autora, casa é todo ambiente construído em que o homem realiza suas atividades e envolve, além dos aspectos ergonômicos, sistemas e processos organizacionais e políticos. Há uma intrínseca relação entre a intenção e a matéria edificada e cita cinco princípios de usabilidade a serem observados na projetação dos mesmos: satisfação, erros (possibilidade de correção), capacidade de aprender, eficiência e capacidade de memória. Em geral, para a projetação, há a necessidade do estabelecimento de padrões/referências mundiais considerando-se as diferentes regiões, etnias e culturas. Para a projetação de espaços confortáveis, faz-se um levantamento de dados ergonômicos para o projeto de edifícios – características e funcionamento do corpo humano, comportamento individual e social, modos de organização, relacionamentos, troca de informações, etc.- e aplicam-se esses dados no projeto. A autora enfatiza que a projetação não deve considerar apenas os aspectos físicos, mas também a possibilidade de flexibilidade do uso do espaço, de acordo com a identidade de cada morador. A ergonomia organizacional, abordada a seguir, ocupa-se da otimização dos sistemas sócio-técnicos que abrangem as estruturas organizacionais, políticas e processos.



Ao tratar do fluxo de pessoas, verifica-se a importância do objeto em escala ampliada. O estudo de Stilitz no metrô de Londres, em 1969, demonstra que a observação e a distribuição do “layout” solucionam o problema. É na cidade, fluxo de pessoas, mercadorias e informações por excelência, “sociedade urbana”, “industrial”, “pós-industrial” e “técnica” que teremos os fluxos de informação refletindo no urbanismo, mudando a imagem do sujeito, dos espaços, do mundo. França atenta ainda para o fato de que essas redes de informação não são, de fato, propriedade/domínio de nenhum país, mas interferem substancialmente no modo como entendemos o mundo e faz referência a Manuel Castells (1999, p. 467-521), que afirma que o “espaço de fluxos substitui o espaço de lugares”, demonstrando a importância que detém para concretizar as transformações econômicas globais, mas que perdem significação cultural, geográfica e histórica, quando se integram às redes informacionais. Abordando a mudança tecnológica do final do século XX, que trata da alteração do paradigma industrial pelo informacional, a autora observa que o desenvolvimento de faixas de poderes estão mais ligadas a aspectos culturais, econômicos, intelectuais e comunicacionais que tornam essas regiões “informacionalmente ricas”, como as cidades globais. A fluidez tecnológica permite que as políticas urbanas sejam compatíveis com as dinâmicas econômicas próprias de cada tecnologia e que as redes informacionais se infiltram nos espaços existentes. E é essa interface homem-máquina, no desenvolvimento de uma macroergonomia, que busca melhorar, nesse fator intangível, que são as comunicações.