De acordo com a Associação Brasileira de Ergonomia,
entende-se por ergonomia “o estudo das interações
das pessoas com a tecnologia, a organização e o meio ambiente, objetivando
intervenções e projetos que visem
melhorar, de forma integrada e não dissociada, a segurança, o conforto, o bem-estar e a eficácia das atividades
humanas”.
Em “A Edificação”, Márcia França aborda a ergonomia
urbana em dois níveis: a casa e princípios para um projeto ergonômico e o
sistema de fluxos e fixos e como esse influi no espaço da cidade.
Para a autora, casa é todo ambiente construído em que
o homem realiza suas atividades e envolve, além dos aspectos ergonômicos,
sistemas e processos organizacionais e políticos. Há uma intrínseca relação
entre a intenção e a matéria edificada e cita cinco princípios de usabilidade a
serem observados na projetação dos mesmos: satisfação, erros (possibilidade de
correção), capacidade de aprender, eficiência e capacidade de memória. Em
geral, para a projetação, há a necessidade do estabelecimento de
padrões/referências mundiais considerando-se as diferentes regiões, etnias e
culturas. Para a projetação de espaços confortáveis, faz-se um levantamento de
dados ergonômicos para o projeto de edifícios – características e funcionamento
do corpo humano, comportamento individual e social, modos de organização,
relacionamentos, troca de informações, etc.- e aplicam-se esses dados no
projeto. A autora enfatiza que a projetação não deve considerar apenas os
aspectos físicos, mas também a possibilidade de flexibilidade do uso do espaço,
de acordo com a identidade de cada morador. A ergonomia organizacional, abordada
a seguir, ocupa-se da otimização dos sistemas sócio-técnicos que abrangem as
estruturas organizacionais, políticas e processos.
Ao tratar do fluxo de pessoas, verifica-se a importância
do objeto em escala ampliada. O estudo de Stilitz no metrô de Londres, em 1969,
demonstra que a observação e a distribuição do “layout” solucionam o problema.
É na cidade, fluxo de pessoas, mercadorias e informações por excelência,
“sociedade urbana”, “industrial”, “pós-industrial” e “técnica” que teremos os
fluxos de informação refletindo no urbanismo, mudando a imagem do sujeito, dos
espaços, do mundo. França atenta ainda para o fato de que essas redes de
informação não são, de fato, propriedade/domínio de nenhum país, mas interferem
substancialmente no modo como entendemos o mundo e faz referência a Manuel
Castells (1999, p. 467-521), que afirma que o “espaço de fluxos substitui o
espaço de lugares”, demonstrando a importância que detém para concretizar as
transformações econômicas globais, mas que perdem significação cultural,
geográfica e histórica, quando se integram às redes informacionais. Abordando a
mudança tecnológica do final do século XX, que trata da alteração do paradigma
industrial pelo informacional, a autora observa que o desenvolvimento de faixas
de poderes estão mais ligadas a aspectos culturais, econômicos, intelectuais e
comunicacionais que tornam essas regiões “informacionalmente ricas”, como as
cidades globais. A fluidez tecnológica permite que as políticas urbanas sejam
compatíveis com as dinâmicas econômicas próprias de cada tecnologia e que as
redes informacionais se infiltram nos espaços existentes. E é essa interface
homem-máquina, no desenvolvimento de uma macroergonomia, que busca melhorar, nesse
fator intangível, que são as comunicações.